terça-feira, 28 de junho de 2016

Porque hoje escrevo com ódio


Troquei meus versos simples
Delicados, suspirosos
Facilmente reconhecíveis
Por ódio
Porque ser a menina boa
Que no fim vai dar carinho
Chorando diante da contradição
Tão bonita e frágil
Cansa pra caralho
E meus versos agora são desbocados
Cheios de "porra", "caralho", foda", "puta que o pariu"
E eu respeito as putas mais que tudo
Porque esse desejo de foda
Que move a gente a cometer erro
E atirar no outro mesmo de olho aberto
E enxergando que a mira ta no alvo
É mercado escandaloso
E o corpo da mulher é objeto
Que da dinheiro amargo de dor
De estupro
De assedio
De foda forçada, mas que foi paga
Então ta tudo bem
Então tudo pode
E você nunca vai entender a minha raiva
Quando soube que você já foi no puteiro
Nao uma única vez
Mas mais que isso
E meu ex também ia
Foram mais de dez vezes com certeza
E acho que nunca mais amei ele depois disso
Mas "filha da puta"
nunca foi xingamento
Porque fui filha de vadia mesmo
Que deu antes do casamento
Mas também troquei minha poética por ódio
Porque é preciso desafogar
Para que eu não grite na sua cara
Que eu existo
E que fingir que não me enxerga não vai mudar nada
E para que eu lembre
Que ter ódio de você é contra revolucionário
E o mundo já é uma bosta tão grande
Que rivalizar com você nao tem nem sentido
Ainda mais sendo o motivo uma pica
Que me faz gozar igual o brinquedinho prata
Que um outro ex me deu
Com o bônus de que só precisa de duas pilhas
e nada mais

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