terça-feira, 28 de junho de 2016

Para não se realizar o desejo de pular na frente do trem


É sempre aquele desejo de pular na frente do trem
Mas naquela estação tinha porta na plataforma
E eu fiquei só na vontade 
Quis arrancar meu útero hoje
Porque ele sangrava e doía
Como quero arrancar cada parte que me dói
A coluna torta
A perna esquerda maior que a direita
O peito trancado no sutiã
E o rebuliço que me revira o estômago
E que eu não conseguiria apalpar
Porque nem sei se ele é real
Se existe
Se é físico
E se meus dedos alcançam
Entre sangue e vísceras
Quis me livrar de tudo que era eu
Mas nem sinto mais aquela tristeza de canteiros
Mas ainda me lembro
Das lágrimas que não ficavam nos lençóis
Que se estendiam entre caminhos obrigatórios
Pra servir mais um dia essa maquina da vida
Mas
É sempre aquele desejo de pular na frente do trem
Impedido
Por
Aquele sempre desejo de mudança

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