Gestos
Trouxe
ela pra casa por acidente. Ela me sorriu e eu a quis aqui comigo. Não sabia
nada dela e mesmo assim a queria. Notei cada gesto dessa desconhecida que eu
sonhava agora em minha cama e que eu queria devorar mais do que a própria fome.
Ela ficava nas pontas dos pés sem necessidade alguma, já era alta o suficiente
pra tudo; as vezes ate ganhava alguns centímetros de mim quando se aprumava. Quando
ia escovar os dentes usando a minha escova deslizava o pé direito pela perna
esquerda até ele encostar no joelho, e o deixava ali enquanto se olhava no
espelho e via a espuma se formando entre os lábios que eu mordia com um apetite
que eu tentava negar. Tinha mania de se jogar no chão e deitar com uma perna
sobre a outra, os pés esticados, tão juntos que pareciam um só. E o sorriso
aberto e lindo. Eu não entendia nada do que ela falava, era sempre eu quem
falava mais. E ela sempre a ouvir com os olhos de jabuticaba que olhavam nos
meus ao ponto de me queimar e me fazer fugir com os olhos para qualquer outro
lugar.
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