quarta-feira, 14 de janeiro de 2015

Camarada, meu amor



a Marcio Hasegava, em alguma memória 

De tanto segurar sua mão
Eu já sentia o sangue indo e vindo
Pela sua carne
Sentia seus batimentos
Na palma da minha mão

As pontas dos meus dedos
Já cheiravam ao seu cigarro
E minha língua decorava a sua
Suas palavras de revolução
Agora moravam em minha boca
Assim como seu gosto

Eu sentia seu cheiro em toda parte
Desconfiava de que era eu
Que cheirava a você
Ensaiava seus gestos
E meus atos se confundiam com os seus

Eu acamparia com você
Me aqueceria no gosto da cachaça
Em teu colo
Daria o braço a você
E enfrentaria
escudos, cassetetes, balas de borracha, bombas
patronal e estado

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