Ela veio com um vestido
vermelho de alcinha. O tecido era leve, do tipo que não se deve ser usado para
sentar em banco de concreto. Mas ela estava lá, sentou-se e cruzou as pernas do
jeito de índio. O vestido levantou mais do que devia e agora eu via a pinta na
coxa direita e achava lindo. Ela encostava o joelho sobre a minha perna
desavisada de que aquilo me atiçava o desejo. Ria alto jogando a cabeça pra
trás, falava alto e mexia as mãos – chamava atenção e me sussurrava um “desculpa”
entre sorriso quando eu pedia para ela ser menos, como se me dissesse que só
sabia ser daquele jeito.
Ela
chama atenção e todos querem conhecê-la, eu sei disso porque foi assim comigo.
Mas metade dos que querem conhecê-la não terão coragem de nem sequer se
aproximar. Ela ri quando digo isso, digo que conheço no mínimo quatro pessoas
que adorariam tomar café com ela. Ela ri, olha desconfiada e responde que não
conhece nenhum. Pergunto por que ela não namora. Ela ri de novo, o sorriso grande,
e responde que não nasceu pra isso. Eu nunca vou entender, mas também acho que
não teria como ser eu ao lado dela. O problema é ela ser em abundância e é
exatamente o que a torna atraente. O que gosto dela é como ela parte sozinha,
pisando firme como se desfilasse de braços dados com a solidão e gostasse
disso.
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